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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

The New York Times Problemas psiquiátricos podem começar na tireoide

Em pacientes com depressão, ansiedade e outros problemas psiquiátricos, médicos encontram constantemente níveis anormais de hormônio da tireóide. Tratar o problema, eles descobriram, pode levar a melhoras no humor, na memória e na cognição.
Agora os pesquisadores estão explorando uma ligação um tanto quanto controversa entre problemas menores, ou subclínicos, de tireóide e dificuldades psiquiátricas de alguns pacientes. Depois de analisar a literatura sobre hipotireoidismo subclínico e humor, o Dr. Russel Joffe, um psiquiatra do North Shore-Long Island Jewish Health System e colegas recentemente concluíram que tratar a condição, que afeta hoje cerca de 2% dos norte-americanos, poderia aliviar alguns sintomas psiquiátricos e poderia ainda prevenir um futuro declínio cognitivo.
Pacientes com sintomas psiquiátricos, disse o Dr. Joffe, “nos dizem que quando lhes damos hormônios da tireóide, eles melhoram”.
A tireóide, uma glândula em formato de nó de gravata que envolve a traqueia, produz dois hormônios: a tiroxina, ou T4, e a triiodotironina, conhecida como T3. Esses hormônios atuam em uma surpreendente variedade de processos físicos, desde a regulação da temperatura corporal e batimentos cardíacos até o funcionamento cognitivo.
Uma grande quantidade de coisas pode levar a tireóide a funcionar de forma anormal, incluindo exposição à radiação, pouco ou muito iodo na dieta, medicamentos como lítio e doenças autoimunes. E a incidência de problemas na tireóide aumenta com a idade. Hormônio da tireóide demais acelera o metabolismo (hipertireoidismo), causando sintomas como suor em excesso, palpitações, perda de peso e ansiedade. Quando é muito pouco (hipotireoidismo) pode causar fatiga física, ganho de peso, letargia, assim como depressão, inabilidade de concentração e problemas de memória.
“No início do século XX, as melhores descrições da depressão clínica estavam na verdade em textos sobre doenças da tireóide, não de psiquiatria”, diz Dr. Joffe. Mas médicos por muito tempo discordaram sobre a natureza de links entre sintomas psiquiátricos e problemas da tireóide. “É a questão da galinha e do ovo”, diz Jennifer Davis, professora de psiquiatria e comportamento humano da Universidade Brown. “Existe algum problema da tireóide subjacente que cause sintomas psiquiátricos, ou é o contrário?”
O Dr. Davis afirma que é comum que pessoas com problemas da tireóide sejam mal diagnosticadas com doenças psiquiátricas. Leah Christian, de 29 anos, usou antidepressivos há 10 anos para depressão e ansiedade. Eles não ajudaram. “Eu só fiquei para baixo”, disse Christian, funcionária de uma creche em São Francisco. Há alguns anos, ainda lutando, ela perguntou a seu médico para indicá-la um terapeuta. O médico fez exames de tireóide primeiro e descobriu que Christian tinha uma doença autoimune chamada tireoidite de Hashimoto, causa comum de hipotireoidimo.
Ela recebeu levotiroxina, um hormônio de reposição sintético. Sua depressão e ansiedade desapareceram. “Ao que parece meus sintomas estavam relacionados à tireóide”, disse. De certa forma ela teve sorte, seus níveis hormonais estavam claramente anormais. Níveis normais de hormônio estimulador da tireóide (TSH) variam de 0,4 a 5. Quanto maior o nível de TSH, menos ativa é a tireóide. A maioria dos endocrinologistas concorda que um resultado de mais de 10 requer tratamento para hipotireoidismo. Mas para pessoas com níveis entre 4 e 10, as coisas ficam sombrias, especialmente para aqueles que experienciam sintomas psiquiátricos vagos, como fatiga, leve depressão ou apenas não se sentirem como si mesmos.
Alguns médicos acreditam que esses pacientes deveriam ser tratados. “Se alguém tem problemas de humor e hipotireodismo subclínico, isso poderia ser significante”, disse o Dr. Thomas Geracoti, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Cincinnati. Ele já usou hormônios da tireóide para tratar artistas com medo de palco debilitante, um músico de alto nível se recuperou completamente.
A ideia de tratar hipotireoidismo subclínico é controversa, especialmente entre endocrinologistas. Tratamento com hormônio da tireóide pode tencionar o coração e pode agravar problemas de osteoporose em mulheres, notou o Dr. Joffe. Por outro lado, deixar de tratar a condição também pode estressar o coração e alguns estudos sugerem que possa aumentar o risco de doença de Alzheimer e outras demências. E ainda existe o quociente de bem-estar, que é difícil de quantificar. “Pessoas tendem a descontar as questões de qualidade de vida relacionadas à depressão e ansiedade residuais”, diz Joffe.
Mulheres são bem mais inclinadas a desenvolver problemas da tireóide do que homens, especialmente após os 50 anos e alguns especialistas acreditam que o gênero é responsável por algumas relutâncias a tratar doenças subclínicas. “Existe um terrível preconceito contra mulheres que chegam com queixas de problemas emocionais sutis”, diz o Dr. Davis. “Essas queixas tendem a serem deixadas de lado ou atribuídas a estresse ou ansiedade.”
Sintomas psiquiátricos podem ser vagos sutis e muito individuais, conta o Dr. James Hennessey, diretor de endocrinologia clínica no Centro Médico Beth Israel Deaconess em Boston. Outra complicação é que não está claro para muitos especialistas, o que são níveis hormonais “normais” da tireóide.
Em um estudo publicado em 2006, pesquisadores da província Anhui, na China, usaram imagens de tomografias para avaliar pacientes com hipotireoidismo subclínico antes e depois do tratamento. Eles encontraram melhoras tangíveis tanto na memória quanto da função motora após seis meses de tratamento com levotiroxina.
Com fundos dos Institutos Nacionais de Saúde, Dr. Joffe e pesquisadores da Universidade de Boston recentemente começaram testes clínicos para cortar a relação entre hipotireoidismo subclínico e certos sintomas cognitivos e de humor em pessoas acima de 60 anos. Os resultados estarão disponíveis em alguns anos.

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